can you carry my drink?, i have everything else

29.9.09

penélope confessa-se

confesso que esperei a noite inteira pelo barulho da tua chegada ali fora. confesso que pus nessa espera toda a indiferença que pude. confesso que bordei e desfiz, que fiz horas, que me enganei a mim e aos outros, porque não soube nunca deixar de esperar por ti. confesso que pensei que não era capaz, e pior, confesso que fui capaz, que sou. confesso que, naquele dia, me destruiu menos a tua ausência do que a dúvida sobre se ainda saberias dizer o meu nome. não tive ciúmes das tuas aventuras. em nenhuma hora deixaste de me fazer falta. confesso que tive medo quando todas as horas eram abismos em que eu tinha de confiar. confesso que tenho medo ainda, agora que voltaste, que um dia seja o teu coração a ir embora. mas renunciei à certeza há muito tempo

4 comments:

sofia clara said...
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sofia clara said...

ohj joana

Águas said...

Mas que comovente prosa.

MC said...

bolas.

It would not only be more human, it would be more humble of us to be content to be complex
g.k.chesterton