confissões IV
com esta dor fez-se trevas o meu coração e tudo o que via era morte. e a pátria era para mim um suplício, e a casa paterna uma incrível infelicidade, e tudo aquilo, que com ele partilhara, sem ele se tornava um horrível tormento. de todos os lados o esperavam os meus olhos, mas ele não aparecia; e eu odiava todas as coisas, porque não o tinham e já não me podiam dizer “ele vem aí”, como quando estava vivo e se ausentava. eu próprio me tornara para mim uma questão magna e perguntava à minha alma porque estava triste e porque se perturbava tanto dentro de mim, e ela nada sabia responder-me. e se eu dizia “Espera em Deus”, com razão ela não acedia, porque era mais real e melhor aquele homem, amigo caríssimo, que eu perdera, do que um fantasma em que a mandava esperar. só as lágrimas me eram doces e substiruíram o meu amigo nas delícias da minha alma.
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