carta para o meu amor
poucas coisas fazem arder tanto o meu coração e a minha vida toda como o descobrir-me terrível absoluta e redondamente enganada. um ataque incisivo às primeiras premissas de um castelo de cartas que construí e onde ia vivendo: e agora, as cartas rasgadas no chão e eu, direita de pé, à chuva, sem sequer me ouvir muito bem, sem sequer uma noção fiel do meu corpo. acordo de uma pancada seca na cabeça não consigo outro movimento que não o de rodear o mal entendido que me sustentava. a natureza do mal entendido é assombrosa: não se decorre da sua destruição a sua negação, e por isso, exige o duro equilibrismo do em aberto.
dito com todas as palavras, é uma solidão amarga ter de decidir para onde andar sem nenhuma ideia de para onde vais tu. parece inevitável erguer-me de ti. fecho. adeus,
tua
Penélope
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