há afinal muitos sítios de mim sem ti: os moinhos os faróis a saudade o sal no corpo no cabelo noites sem mangas e inteiras o rock alguns bares o outro lado a planície a senhora do monte o gin o meu carro de dia as esplanadas alfama livros e filmes tantos e mais. afinal, escapei-me-te.
é duro e estranho e não sei se devia ser assim. fui eu que me cheguei a ti, eu que fiquei com coisas para dizer: afinal, tu aconteceste-me.
partilhámos pouco mais que duas cozinhas, uma certa trompete e a promessa eternamente adiada de uns pastéis de belém.
não. falta-me justeza: tu situavas-me, além e acima disto. agora alterno entre pairar em não lugares e estilhaçar-me em lugares fantasma - porque é a dor que me situa agora e o exactamente aqui a que me força ainda dói demais. antes aqui eras tu, e isso diz muito do que foi o meu corpo.
eras afinal um sítio de mim, não te tomei enquanto tu nem tu a mim, e vejo isso tarde demais - não sei se sei/quero/posso voltar - provavelmente não.
mas é triste estarmos de costas voltadas.
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