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agora tenho apenas a memória desfocada da tua cara, mas o teu cheiro na minha barriga e a tua boca nas minhas mãos pregam-me ao chão deste sítio sem flores. subiremos ainda mais uma vez ao deserto onde só se pode andar descalço. mostrar-te-ei ainda outra vez todos os lugares de mim, de nós, e terei, provavelmente o cuidado de fazer com que não compreendas nada, nem que tão só repares. ficarás, como ficas, numa tontura que nunca assumes como vertigem. quem sabe se falarás disso a alguém - mas nunca a mim, encarnamos com força de mais a velha máxima de se guardar silêncio sobre aquilo que mais se quer dizer, e que por isso mesmo não se pode.
sim, faremos tudo isso, com ainda o mesmo estomâgo e com o coração que nos resta. sim, faremos tudo menos deixar-nos esmorecer numa vela fria.
uma ultima luta, sem nenhuma pretensão de glória, antes de o nosso amor morrer. uma última pelos bons velhos tempos.
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